Fazendeiros ao redor do mundo estão dando antibióticos para animais em grande escala para mantê-los saudáveis e reduzir o preço de carnes, mas isso ajudou a criar uma grave crise de saúde pública.
Mas um país decidiu mudar drasticamente e ir contra essa tendência tudo por causa de uma menina chamada Eveline.
Em 2003, a filha do fazendeiro holandês Eric van den Heuval, então com 1 ano de idade, foi levada ao hospital às pressas para uma cirurgia cardíaca.
Ela havia nascido com um problema congênito. Se não fosse operada, poderia morrer.“Fomos ao hospital, mas o médico disse:
'O teste dela foi positivo para (a bactéria) MRSA (também conhecida pela sigla SARM, para Staphylococcus aureus resistente à meticilina). Ela não pode ser operada'", relata Eric.
Para surpresa de Eric, Eveline havia contraído uma superbactéria dos porcos de sua fazenda - uma variante que pode ser transmitida no contato com animais contaminados e foi encontrada também em criadores de porcos na Dinamarca e na Alemanha.
“Aquele momento mudou totalmente a vida da minha família”, conta Eric.
Por causa de Eveline, Eric decidiu mudar a forma como cuidava da fazenda.
A história de sua filha levou outros fazendeiros a mudar suas práticas também
.
“Quando você ouve sobre Eric e sua filha e como isso tudo está nos matando, você é compelido a fazer algo a respeito”, diz o fazendeiro Gebert Oosterlaken, que também cria porcos.
Ele e Eric formaram um grupo para reunir outros fazendeiros e veterinários para debater o problema e buscar soluções.
Eles passaram a cuidar dos porcos sem antibióticos, usando bactérias probióticas para combater micro-organismos prejudiciais à saúde dos animais e mantendo-os separados em zonas higienizadas para impedir a proliferação de doenças.
“Hoje, você percebe pela aparência deles, seu brilho, seus olhos, que eles estão mais saudáveis. Assim, eles morrem menos, minha produtividade aumenta e é mais fácil criá-los”, diz Gebert.
O governo holandês agora divulga as técnicas desenvolvidas por Eric, Gebert e seus colegas, e diz que o uso de antibióticos em animais caiu 65%.
“É claro que sentimos orgulho do que atingimos dentro de nosso pequeno grupo, mas, na realidade, conseguimos criar um movimento que mudou a criação de animais na Holanda”, afirma Gebert.
O especialista em antibióticos Jaap Wagenaar diz que Gebert e Eric foram muito importantes nessa mudança por terem sido os primeiros a adotar formas de reduzir o uso desses medicamentos nas suas fazendas.
“Eles atuam como embaixadores. Mostram aos seus colegas quais opções eles têm.”
E como está a filha e Eric hoje?
“Hoje, ela tem 16 anos”, diz Eric ao lado de Eveline em sua fazenda. “É muito saudável - e está livre da superbactéria.”