O iceberg gigante que se desprendeu na Antártida na última semana continua se deslocando para o mar aberto. Imagens de satélite mostram uma fenda entre o bloco de gelo de seis mil quilômetros quadrados, batizado de A-68, e a plataforma gelada Larsen C.
O satélite Deimos-1 capturou a imagem na sexta-feira, o que não é fácil nesta época do ano na Antártida, por causa de suas longas noites de inverno cobertas de nuvens. A espaçonave que conseguiu avistar o iceberg usou radares e sensores infravermelhos para superar essa limitação.
Até agora, o bloco de gelo, que tem uma área um pouco maior que o Distrito Federal e é um dos maiores já registrados, está se comportando como esperado por cientistas. Em teoria, ele deveria deslizar para o mar pelo declive formado pela ação de águas empurradas contra a costa pelos ventos do Mar de Weddell.
Mas por conta da força de Coriolis, produzida pela rotação da Terra, o iceberg é empurrado para a esquerda o lado contrário, e isto deve manter o bloco relativamente próximo à fronteira do continente gelado.
Simulação de caminhos do iceberg: bloco de pequeno a médio (Classes 1-3) geralmente tem duração de dois anos; os grandes (Classes 4-5) geralmente desaparecem depois de dez anos, agências de pesquisa polar já estão discutindo as oportunidades científicas que surgem do desprendimento do iceberg.
Cientistas querem entender qual efeito a quebra do bloco de gelo deve ter sobre as áreas remanescentes da cobertura gelada. Dez por cento da área do Larsen C foi removida com a quebra do iceberg, e essa perda pode mudar a forma como as tensões e forças internas da plataforma de gelo irão se configurar e agir.
Há várias fissuras ao norte, em um ponto conhecido como Elevação de Gelo Gipps. Essas fissuras estão estáticas há muito tempo e são mantidas por uma faixa de gelo relativamente macia e maleável. Pesquisadores querem ver se o rompimento da A-68 irá alterar o status dessas fissuras.
Há ainda pesquisas fascinantes para serem feitas no fundo do mar quando o iceberg se deslocar totalmente da plataforma. Fissuras anteriores levaram, por exemplo, à descoberta de novas espécies de animais.