Se há alguma coisa que a história literária nos ensina muito bem é que as pessoas eram absurdamente imaturas na Idade Média. Desde códigos que ainda continuam sem resposta até rabiscos do século XIII com formas de partes íntimas, a história é como um grande clichê do ensino médio mundial que nunca chega ao fim. Os livros dos quais vamos falar a seguir são muito estranhos. Alguns deles são as obras magnas obsessivas de certos autores que tinham pontos de vista singulares sobre a vida, para não dizermos coisa pior. Outros, no entanto, têm textos ninguém conseguiu descobrir o que significam exatamente ou em qual idioma estão escritos.
1. O Codex Seraphinianus
3. O Manuscrito Voynich
Escrito em uma língua que ninguém entende e cheio de ilustrações de coisas surrealistas e impossíveis, o “Codex Seraphinianus” é talvez a enciclopédia mais estranha do mundo. Quando o arquiteto italiano Luigi Serafini publicou o livro em 1981, o apresentou como um trabalho factual e científico. No entanto, observar a sua mistura extravagante de imagens nos revela que ele é tudo, menos científico. Tudo foi escrito à mão e as ilustrações foram desenhadas e coloridas pelo mesmo Serafini, uma tarefa que demorou anos. Os eruditos passaram anos tentando decifrar, mas a única coisa que conseguiram foi descobrir que “Seraphinianus” é apenas uma variação do nome de Serafini. Quanto à língua do livro, o “alfabeto” tem aproximadamente duas centenas de caracteres e não se relaciona com absolutamente nada que a humanidade já criou.
2. O livro de Soyga
Em março de 1552, o matemático John Dee teve ''uma conversa com um anjo''. Como crente fervoroso, tanto na ciência quanto no esoterismo, a vida de Dee se limitava a viagens entre a realidade e o mundo espiritual. Ele já havia lido toda a maior biblioteca de Londres, mas era ao livro anônimo de Soyga que ele dedicava a maior parte de sua atenção. O livro era um enigma: mais de 40.000 cartas cobriam suas páginas, mas estavam organizadas sem um sentido. Logo, Dee começou a traduzi-lo, mas pouco a pouco percebeu que, na verdade, era uma lista de feitiços. O maior mistério de todos estava nas últimas 36 páginas, e como ele nunca conseguiu resolver, decidiu ir para além do nosso mundo. Foi à Europa Continental e pediu ajuda a um médium para convocar o Arcanjo Uriel, a quem perguntou o significado do livro. Este disse que o livro de Sogya foi entregue a Adão no Jardim do Éden. No entanto, também disse que ele mesmo não tinha a autorização necessária para revelar o mistério. Só o Arcanjo Micael conhecia o segredo. Como Dee nunca conseguiu se encontrar com ele, o livro ficou perdido durante quase 500 anos. Agora há duas cópias, uma na Biblioteca Britânica e o outro na Biblioteca Bodleiana de Oxford. O enigma continua sem resposta.
Esse livro do início do século XV é um texto botânico no qual as plantas desenhadas são completamente desconhecidas. Outra singularidade é o texto indecifrável que acompanha as plantas e as muitas cartas astronômicas e astrológicas, assim como vários nus femininos que aludem a algum tipo de processo reprodutivo, a julgar pelos ventres inchados e a interação com tubos e cápsulas. Também há mais de 100 desenhos “medicinais” com ervas e raízes em vários frascos. O manuscrito foi escrito em um idioma desconhecido e foi estudado por dezenas de profissionais sem sucesso. Proveniente da Europa Central, seu nome vem do seu antigo dono, Wilfrid M. Voynich, que o comprou em 1912. Antes disso, passou pelas mãos de vários alquimistas e até mesmo do imperador Rodolfo II da Alemanha no século XVI. Hoje, o original está na Biblioteca Beinecke de Yale e é possível comprar uma cópia pela Amazon.
Não se sabe quase nada sobre um livro misterioso que apareceu na Hungria, vá para a próxima página para saber um pouco sobre ele!
4. As Decretais de Smithfield
Também conhecido como “Crônica de Presságios e Profecias”, esse livro foi escrito em 1557 pelo humanista francês Conrad Lycosthenes. Apresentado como uma enciclopédia, o livro fala sobre acontecimentos de outro mundo desde os tempos de Adão e Eva. Mas, enquanto o enciclopédico Codex Seraphinianus era um livro fictício, a Crônica de Lycosthenes era relativamente factual, ao menos no sentido de que continha informações reais. Entre vários desastres bem documentados, inundações e chuvas de meteoros (incluindo o cometa Halley), se encontram descrições de monstros marinhos, óvnis e vários temas bíblicos.
Essa coleção de leis canônicas, encomendada pelo Papa Gregório XI no século XIII, poderia ter sido bastante comum em sua época e, provavelmente, muito entediante. Por outro lado, as estranhas ilustrações que acompanham os decretos elevaram esse manuscrito a um estado místico. O livro apresenta muitas cenas de coelhos gigantes e homicidas, um Yoda medieval, unicórnios lutando e estranhas práticas humanas e animais. Talvez os monges que desenharam isso tenham bebido água contaminada, ou sabiam que algum dia existiria uma rede digital que conecta pessoas que adoram compartilhar esse tipo de imagem.
5. O Codex Rohonc
Não sabemos muito sobre o Codex Rohonc, de 448 páginas. Esse manuscrito ilustrado apareceu no século XIX na Hungria e impressiona as pessoas desde então. Não se sabe quem o escreveu, onde ele foi feito, nem o que diz, já que o texto está escrito com um misterioso alfabeto de quase 200 símbolos. As ilustrações do livro abrangem desde batalhas militares até um simbolismo religioso que se assemelha ao Cristianismo, o Islão ou o Hinduísmo. As possíveis origens do texto são vinculadas à Índia, Suméria ou antiga Hungria. Mas, até que se resolva, não podemos ter certeza. Ele está integralmente disponível na internet para todos aqueles que quiserem dar uma olhada.
6. Prodigiorum Ac Ostentorum Chronicon
7. O Pergaminho de Ripley
Quando Isaac Newton começou a se aprofundar no mundo místico da alquimia, se dedicou em grande medida às obras de Sir George Ripley, um escritor do século XV que criou algumas das obras mais duradouras sobre o tema. A mais antiga, sem dúvida, é o enigma que ficou conhecido como “Pergaminho de Ripey”. Trata-se de um livro com imagens e receitas para criar a famosa pedra filosofal, um material fictício supostamente capaz de converter chumbo em ouro. Embora a versão original do Pergaminho de Ripley tenha se perdido com o tempo, alguns artistas do século XVI fizeram cópias da obra, e 23 delas sobreviveram. Cada uma delas é um pouco diferente, já que foram todas feitas à mão. A maior contém um pergaminho de 6 metros de comprimento, com um denso mosaico de ilustrações que cobrem quase toda sua superfície.